«I too am not a bit tamed, I too am untranslatable» (Walt Whitman) | setadespedida@yahoo.co.uk

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Pintar ou

Quase ninguém gostou do filme dos irmãos Larrieu. Por mim, gosto muito da oposição (?) inesperada no título e guardo na memória alguns momentos, nomeadamente a sequência do percurso nocturno através de uma floresta.
É depois de um jantar na casa do cego (Sergi Lopez). Quando William (Daniel Auteuil) e Madeleine (Sabine Azéma) se preparam para voltar a casa a pé, reparam que estão no campo e que o caminho de regresso não tem iluminação. Às escuras, não querem aventurar-se sozinhos por um caminho que desconhecem.
O cego oferece-se para os acompanhar a casa através de um atalho que conhece na floresta. Durante o trajecto, o ecrã fica negro. O cego vai descobrindo o caminho através dos sons, dos cheiros, e do número de passos: «Caminhamos agora junto ao rio, estão a ouvir a água? São 32 passos nesta direcção.», etc. Na escuridão, os que vêem descobrindo-se cegos. O sentido da visão tornado inútil pelo cinema.

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