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Nem de propósito, encontrei o seguinte apontamento na página 62:
«Em toda a grande arte há um animal SELVAGEM: domesticado.»
E articulei de imediato esta frase com um parágrafo na página 59:
«A medida do génio é o carácter – embora o carácter, por si só, não seja equivalente ao génio. O génio não é o ‘talento mais o carácter’, mas o carácter que se manifesta sob a forma de um talento especial. Assim como um homem manifestará coragem ao saltar à água para socorrer alguém, outro manifestá-la-á escrevendo uma sinfonia.».
«Em toda a grande arte há um animal SELVAGEM: domesticado.»
E articulei de imediato esta frase com um parágrafo na página 59:
«A medida do génio é o carácter – embora o carácter, por si só, não seja equivalente ao génio. O génio não é o ‘talento mais o carácter’, mas o carácter que se manifesta sob a forma de um talento especial. Assim como um homem manifestará coragem ao saltar à água para socorrer alguém, outro manifestá-la-á escrevendo uma sinfonia.».
Gostei da analogia entre arte e coragem ao ponto de ousar avançar com a possibilidade de ser o medo o animal selvagem que a arte tem de domesticar. Parece-me, contudo, que Wittgenstein concebe este processo de domesticação num sentido delicado e particular. No sentido em que qualquer perda ou dano infligido pelo processo à verdadeira natureza (selvagem, recorde-se) do animal poderá revelar-se trágico e fatal.
Imagem: rabbit or duck?