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sábado, 15 de dezembro de 2007

O Natal em que o Príncipe Carlos escreveu aos Amiss

Folheando alguns jornais ingleses em papel, divirto-me com as diferenças relativamente aos portugueses. O formato e a estrutura organizativa são bastante semelhantes, para não dizer idênticos, mas em Inglaterra há muito mais colunas assinadas por mulheres e até maior presença feminina nas fotografias. É um traço distintivo que salta à vista.
Depois, há também artigos que dificilmente encontraríamos num jornal português. Por exemplo, na página cinco do The Times de quarta-feira, uma notícia cheia de pormenores deliciosamente narrativos e, à sua maneira, natalícios.
O assunto é o assalto a uma quinta no Devon onde eram criados os gansos caseiros comercializados sob a marca do Príncipe de Gales. Os ladrões roubaram 350 aves adultas, incendiando depois o capoeiro, sem se preocuparem com os mais pequeninos que lá ficaram. O incêndio foi detectado às quatro da manhã.

O Príncipe de Gales escreveu a Rona and Nevil Amiss, proprietários da quinta, para lamentar o sucedido. Claramente afectados pelo choque e pelo desgosto, Rona e Devil declararam não se sentir preparados para a criação de mais gansos num futuro próximo. Também os quatro filhos do casal (Elsa, de nove anos, Alfred, com sete, Dora, com quatro, e Percy e Harold, com três) estão muito tristes, sobretudo devido à morte cruel dos mais pequeninos.
Na opinião dos proprietários, os ladrões estariam muito bem informados sobre a quinta; o assalto foi planeado com astúcia: as aves tinham atingido o peso ideal e seriam abatidas e depenadas no dia seguinte.
Os supermercados Sainsbury’s ficaram sem gansos caseiros para vender no Natal. E lá se foram trinta mil libras.

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