Invejo muitas vezes aquilo que se publica em língua inglesa, sobretudo livros sobre temas inesperados. Quem não sonha, por exemplo, poder um dia comprar o diário de alguém que, tendo lido o conto «The Swimmer», de John Cheever, decide viajar pela Grã-Bretanha para nadar em todas as correntes de água ao ar livre que encontrar, relatando pormenorizadamente essas experiências e todos os pensamentos por ela suscitados?
Este livro, por incrível que pareça, existe mesmo; foi escrito por Roger Deakin e intitula-se Waterlog. Nele se descrevem com conhecimento pessoal não só piscinas naturais, lagos, ribeiros, rios, regatos, riachos, fossos e até um canal, mas também a fauna e a flora que deles fazem parte, e as vidas das pessoas que moram nas cercanias. Há momentos em que o autor nada através de algas, convive com libelinhas, observa a chuva a cair («Rain calms water, it freshens it, sinks all the floating pollen, dead bumblebees and other flotsam. […] The best moments were when the storm intensified, drowning birdsong, and a haze rose off the water as though the moat itself were rising to meet the lowering sky.»), tem de afastar tudo o que flutua à superfície das águas para poder emergir.
Segundo testemunho de amigos, Roger Deakin tinha a secretária cheia de objectos como pedras ou pedacinhos de madeira à deriva que tinha encontrado nestas correntes em que nadara. Dizia que estes objectos lhe lembravam que ainda estava vivo. Quando, certa vez, um amigo quis inadvertidamente deitar ao lixo umas folhas secas que encontrou algures em casa dele, foi recordado com alguma firmeza que «nothing is ever really dead, and anyway there is another way of seeing them now they no longer have the burden of growing».
(Ler um excerto aqui.)
Este livro, por incrível que pareça, existe mesmo; foi escrito por Roger Deakin e intitula-se Waterlog. Nele se descrevem com conhecimento pessoal não só piscinas naturais, lagos, ribeiros, rios, regatos, riachos, fossos e até um canal, mas também a fauna e a flora que deles fazem parte, e as vidas das pessoas que moram nas cercanias. Há momentos em que o autor nada através de algas, convive com libelinhas, observa a chuva a cair («Rain calms water, it freshens it, sinks all the floating pollen, dead bumblebees and other flotsam. […] The best moments were when the storm intensified, drowning birdsong, and a haze rose off the water as though the moat itself were rising to meet the lowering sky.»), tem de afastar tudo o que flutua à superfície das águas para poder emergir.
Segundo testemunho de amigos, Roger Deakin tinha a secretária cheia de objectos como pedras ou pedacinhos de madeira à deriva que tinha encontrado nestas correntes em que nadara. Dizia que estes objectos lhe lembravam que ainda estava vivo. Quando, certa vez, um amigo quis inadvertidamente deitar ao lixo umas folhas secas que encontrou algures em casa dele, foi recordado com alguma firmeza que «nothing is ever really dead, and anyway there is another way of seeing them now they no longer have the burden of growing».
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