«I too am not a bit tamed, I too am untranslatable» (Walt Whitman) | setadespedida@yahoo.co.uk

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Ao lado dos livros

No conto «Sótão», da antologia Pânico no Scala (Cavalo de Ferro, trad. Carlos Leite), do excelente Dino Buzzati:

Dispus-me, assim, a subir ao andar superior, ao sótão, onde tenho o atelier; ao lado, em três arrecadações, estavam amontoados os detritos da vida passada: livros, quadros, móveis, tapetes, brinquedos, baús, bicicletas. A arrecadação dos livros velhos, a mais pequena das três, tinha um aspecto dum corredor estreito, de altura decrescente por causa da inclinação do telhado, e era iluminada por um minúsculo postigo redondo, aberto no próprio telhado. […]
Peguei na chave, subi a escadinha em caracol e quando cheguei lá cima fiquei surpreendido com um odor especial, de modo nenhum desagradável, mas no entanto bem diferente do aroma repousante das coisas velhas que aí costumava encontrar. Era um perfume fresco e penetrante, que se acentuou quando me aproximei da arrecadação dos livros.
Compreendi qual era a sua origem mal abri a porta. No meio das pilhas dos livros, alinhadas ao longo das paredes, estava um grande monte de óptimas maçãs […].
[…] Quem poderia tê-las trazido cá para cima?


 

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