18.12.2016 Os Belos Dias de Aranjuez (real. Wim Wenders, 2016)
«I too am not a bit tamed, I too am untranslatable» (Walt Whitman) | setadespedida@yahoo.co.uk
domingo, 18 de dezembro de 2016
O Cinéfilo Preguiçoso em Novembro e Dezembro
domingo, 30 de outubro de 2016
O Cinéfilo Preguiçoso em Setembro e Outubro
30.10.2016 O Ornitólogo (real.
João Pedro Rodrigues, 2016)
23.10.2016 Café Society (real. Woody Allen, 2016)
16.10.2016 Barbara (real. Christian
Petzold, 2012)
9.10.2016 Um Editor de Génios
(real. Michael Grandage, 2016)
11.9.2016 Na Cave
(real. Ulrich Seidl, 2014)
domingo, 31 de julho de 2016
O Cinéfilo Preguiçoso em Julho
terça-feira, 26 de julho de 2016
Podcasts de Verão
Quando
está muito calor, ouço podcasts, por se tratar de uma atividade que exige um
esforço físico mínimo. (Embora se possa ouvi-los enquanto se faz outras coisas
– conduzir, cozinhar, trabalhar, etc.)
Em vez da
lista tradicional com sugestões de leituras de Verão, numa noite em que não conseguia dormir lembrei-me de fazer uma
lista com os episódios de que mais gostei durante o primeiro semestre de 2016.
Diga-se
de passagem que não é uma lista muito representativa. Enquanto ouvinte, procuro
principalmente temas que me interessam (livros, artes visuais, cinema e música)
e não conheço bem programas sobre outros temas, embora acredite que possa haver
coisas interessantes.
Entre os
podcasts sobre os temas referidos, costumo preferir aqueles que me inspiram
ideias novas ou me deixam a pensar de modo diferente sobre assuntos em que já
penso habitualmente. Além disso, prefiro podcasts com conversas bem preparadas
(isto é, que não se reduzem a tagarelice bem-disposta – para isso já temos as
conversas de todos os dias ou até posts como este). Um monólogo inicial sobre assuntos variados
(como em Entitled Opinions, Other People with Brad Listi ou The Bret Easton
Ellis Podcast) pode funcionar bem.
Ouço de
vez em quando um podcast português (Biblioteca de Bolso, graças ao qual foi
possível ter acesso a esta conversa excelente com Gonçalo M. Tavares). Não sigo outros
podcasts portugueses – não por partir do princípio de que não prestam, mas por
ainda não conhecer bem o que existe. (É mais fácil encontrar recomendações
sobre podcasts estrangeiros, pelo menos nas publicações que costumo ler.)
Às vezes,
alguns podcasts surpreendem-nos. Não basta termos um entrevistador inteligente
e culto a conversar com alguém excepcional. Com frequência, alguém que
pensávamos ser um pouco superficial diz coisas inesquecíveis, enquanto uma
pessoa que admiramos nos faz dormir. Já ouvi entrevistas apaixonantes com
escritores que não tenho vontade de ler e conversas para esquecer com autores
que admiro. O episódio em que Robert Harrison entrevista Marylinne Robinson é
penoso, mas ninguém que tenha lido algum livro da autora duvidará de que ela é um
dos maiores escritores americanos de sempre. Em contraste, Alain de Botton é um
escritor sofrível, mas tem uma conversa interessantíssima com Debbie Millman no podcast
Design Matters.
Em
contrapartida, até ao momento ainda não ouvi uma única entrevista com o
compositor Nico Muhly que tenha achado desinteressante; gosto do que compõe e
do que diz.
Duas
conversas inspiradoras com Nico Muhly:
- A Phone
Call from Paul (primeira parte, segunda).
Conversas
interessantes com escritores que conheço mal e ainda não tenho vontade de
conhecer mais a fundo:
- Eileen Myles (poeta);
- Max Porter (autor de Grief Is the Thing with Feathers);
- Lina Meruane (autora de Seeing Red).
Conversas divertidas com realizadores de que gosto:
Discussões
inteligentes sobre temas em que costumo pensar:
-
tradução de livros; ver também esta conversa com Tim Parks;
- o que publicar numa revista (neste caso, de música).
Em suma, no universo dos
podcasts são possíveis pelo menos estas hipóteses: pessoas maravilhosas que não
dizem coisas interessantes; pessoas desinteressantes que dizem coisas
maravilhosas; pessoas geniais que dizem coisas geniais; pessoas banais que só
dizem banalidades; pessoas que não conhecemos mas ficamos com vontade conhecer;
pessoas que não conhecemos nem queremos conhecer. (Há mais variações, mas estas
já dão uma ideia.)
terça-feira, 12 de julho de 2016
Valeria Bruni-Tedeschi
Vejo
uma curta-metragem de uma escola de cinema que tem como prtagonistas uma
Valeria Bruni-Tedeschi e uma Emanuelle Devos ainda adolescentes ou pelo menos
muito jovens.
Emanuelle
Devos continua igual ao que era então. No filme, Valeria, no entanto, tem
feições adolescentes, muito ameninadas e angelicais, mais ligeiras do que
aquelas que a caracterizam agora. Surpreendentemente, no entanto, nessa altura adoptava
uma voz mais grave e pausada do que nos filmes mais recentes, onde fala mais
depressa e de modo mais juvenil e apalhaçado.
Quando
Valeria Bruni-Tedeschi era adolescente, fingia ter voz adulta. Na meia-idade,
recupera a voz adolescente.
Impressões, impressoras
Alex Katz
Farto de
problemas com o scanner, B. quer comprar uma impressora nova.
A
impressora antiga tem cerca de dez anos. Durante esse período imprimi
os diversos rascunhos das minhas teses de mestrado e doutoramento.
Quando esta
impressora imprime, tem de se ficar junto a ela para evitar que encrave e/ou
atire as páginas ao chão. Vou sentir falta das pausas em que mudava de centro
de atenção, passsando de assuntos abstractos até às lágrimas para questões
eminentemente práticas.
Com uma
certa nostalgia, recordo os momentos em que, umas vezes em desespero, noutras
secretamente aliviada, tive de, perante o olhar pouco impressionado dos gatos,
parar de trabalhar para extrair do interior da máquina páginas amarfanhadas e
manchadas de tinta, por vezes em pedacinhos arrancados com pinça.
Esta
impressora, na verdade, equivalia a duas: quando comprámos a primeira,
constatámos que o scanner deixava umas zonas escuras; a loja entregou-nos uma
máquina nova, mas deixou-nos ficar com a primeira, que ainda hoje continua
dentro de um armário, para recorrermos a ela em caso de emergência, se a
segunda avariar. Quando a impressora nova chegar, B. deixa-me ficar com a
segunda, mas teremos de nos livrar da primeira – da impressora secreta,
arrumada no escuro, aquela que nos salvaria a vida, se fosse necessário.
Mange ta soupe
Depois de encomendar três livros na Amazon, desenvolvi e partilhei com B. o plano de cada um de nós identificar vinte e cinco livros dispensáveis, para depois nos livrarmos deles. O primeiro passo seria arranjarmos uma caixa.
B. disse
que tínhamos de pensar também no que fazer com esta caixa; caso contrário,
estaríamos apenas a mudar os livros de lugar.
A seguir,
B. saiu para a Feira do Livro, onde comprou mais quatro livros.
Dar cabo da vida
«Dr Weiss, at forty, knew that her life had been
ruined by literature.»
(A Start in Life, Anita Brookner)
(A Start in Life, Anita Brookner)
Já me
interroguei algumas vezes sobre como seria a minha vida se não me interessasse
por ler.
Teria,
sem dúvida, uma profissão diferente – não sei bem qual. (Agricultura?
Bordados?)
Talvez
até vivesse numa cidade diferente. Pensamento inquietante, seria possível,
inclusivamente, residir numa aldeia – numa quinta em lugar isolado, protegida
por cães grandes. Usaria chapéu e interessar-me-ia por culinária e botânica
aplicada.
Parece-me
também seguro dizer que teria mais tempo livre. Que faria então com esse tempo
livre? Talvez frequentasse mais o cabeleireiro e até o ginásio. Talvez ir ao cabeleireiro
e ao ginásio pudessem tornar-se os meus únicos desejos, as minhas preocupações
mais queridas.
Se
tivesse de escrever alguma coisa – um recado para o carteiro, um email de
protesto a propósito de uma encomenda incompleta – , não me incomodaria com as minhas frases mal
construídas, mas fingiria sempre importar-me com as dos outros.
Seria
saudável. Teria menos alergias.
domingo, 26 de junho de 2016
O Cinéfilo Preguiçoso em Junho
domingo, 29 de maio de 2016
O Cinéfilo Preguiçoso em Maio
terça-feira, 26 de abril de 2016
A chegar às livrarias
Imagem na capa: Portrait de Madame Ranson au chat, de Maurice Denis (cerca de 1892)
«O Museu Maurice Denis estava estranhamente deserto. Os guias seguiam Guy e Cristina à distância, fingiam que não reparavam neles, comunicavam entre si o paradeiro do casal de visitantes por meio de walkie-talkies, mostravam sinais exteriores de pânico quando eles invertiam a marcha ou se entregavam a qualquer acção um pouco mais inesperada (assoar o nariz, dar um nó no atacador). Cristina disfarçou o riso enquanto pôde, mas foi obrigada a refugiar-se na casa de banho.»
Alexandre Andrade. 2016. O Leão de Belfort. Lisboa: Relógio D'Água.
segunda-feira, 25 de abril de 2016
O Cinéfilo Preguiçoso em Março e Abril
A Bigger Splash, David Hockney (1967)
25.4.2016 Innocence of Memories e L’Aquarium et la Nation (real. Grant Gee, 2015; real. Jean-Marie Straub, 2015)
sábado, 16 de abril de 2016
Links de Primavera
Nos
Estados Unidos, Abril é o mês nacional da poesia. Esta efeméride foi criada em
1996 pela Academia Americana de Poetas, pelo que comemora o décimo aniversário
em 2016. Devo ser a pessoa do planeta Terra que menos se interessa por
efemérides e comemorações, mas gostei muito deste cartaz desenhado por Debbie
Millman, que demonstra que as palavras podem ser imagens. Nem quero saber de
onde vêm as citações usadas: são tão evocativas só por si.
PODCASTS
A mesma
Debbie Millman é a responsável por um dos meus podcasts preferidos – Design Matters –, onde, entre outros assuntos,
se conversa sobre felicidade e a ausência de linearidade em certas vidas
criativas.
– uma conversa entre o autor a escritora Deborah Levy na casa-museu de Freud;
Mais uma
vez, devo ser a pessoa do planeta Terra com mais cepticismo em relação à psicanálise (posso justificar esta oposição de muitas maneiras, mas fica para outra altura),
porém a cultura e a inteligência de Adam Phillips vão muito para além disso.
Ganha-se sempre em ouvi-lo.
DOIS ARTIGOS INTERESSANTES
Foto: booksonthepark,
via Instagram.
1. Edwin
Frank é o fundador da excelente editora New York Review Books, que se distingue
por recuperar clássicos esquecidos ou pouco conhecidos.
Nesta entrevista à Paris Review há uma descrição excelente sobre como escolher livros (para ler ou para publicar):
Nesta entrevista à Paris Review há uma descrição excelente sobre como escolher livros (para ler ou para publicar):
«Fairly early on, I said what I wanted to do was mix
things up. Something old, something new, something whatever color it is, and
something blue. Then there’s the question of how you go about finding things.
You have to be sort of open to surprise and at the same time assiduous in
pursuing the things you’re really interested in. You have to be patient. And
along the way, when you’re pursuing things you’re confident you want, other
things may crop up.»
2. Também gosto muito do modo como Geoff
Dyer ao mesmo tempo expressa ambivalência e admiração por Annie Dillard no prefácio do livro The Abundance.
CARTAZES, CAPAS DE DISCOS, ILUSTRAÇÕES
Cheguei a
Craig Carry porque trabalha com músicos que costumo ouvir, como David Lang,
This is the Kit, My Brightest Diamond, The National ou Aaron Dessner. Vale a pena explorar o site.
CHÁS
A chuva
continua. Se ao menos isso fosse bom para as alergias de Primavera. Mas não, nos
poucos dias ou momentos em que a chuva não cai as sementes e as flores parecem
ficar ainda mais contentes e descontroladas. Este chá ajuda a respirar, com ou sem mel. É um daqueles chás com uma combinação
de sabores que parece imediatamente uma ideia tão boa que só pode dar maus resultados.
Neste caso, contudo, a boa ideia correu bem.
terça-feira, 12 de abril de 2016
We will watch with continuing interest
Os Public Service Broadcasting compuseram a faixa «The Other Side» a partir de gravações da NASA referentes à missão Apollo 8,
realizada no Natal de 1968.
A Apollo 8 foi a primeira missão tripulada por seres
humanos a circum-navegar a lua, tendo Frank Borman, Jim Lovell, e Bill Anders sido os primeiros astronautas que abandonaram a órbita
terrestre.
Após três
dias de viagem, a tripulação passou vinte horas em torno da lua, antes de
iniciar o percurso de regresso à Terra. Durante estas vinte horas, a dada
altura a NASA perdeu o contacto verbal com a nave e teve de esperar que esta
atingisse um ponto no espaço em que o contacto pudesse ser retomado.
Nas gravações, esta espera é descrita com eufemismos
como «Now we're in the period of the longest wait», «There's certainly a great
deal of anxiety at this moment», «We will watch with continuing interest».
Tal como a
NASA, muitas vezes também temos de esperar que um percurso inédito se cumpra
sem sabermos ao certo o que vai acontecer entretanto. Nesses momentos,
resta-nos «observar com interesse persistente». É a única coisa que nos resta. Antes da espera, no entanto, há muito para fazer.
segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
O Cinéfilo Preguiçoso em Fevereiro
28.2.2016
Nostalgia (real. Andrei Tarkovsky, 1983)
21.2.2016 Mistress America (real. Noah Baumbach, 2015)
4.2.2016 Andrei Rublev (real. Andrei Tarkovsky, 1966)
8.2.2016 Carol (real. Todd Haynes, 2015)
1.2.2016 Spotlight (real. Tom
McCarthy, 2015)
[O Cinéfilo Preguiçoso tem página no Facebook, se alguém preferir seguir as actualizações por esse
meio.]
domingo, 28 de fevereiro de 2016
Descobertas de início do ano
Ouço
música durante o dia todo enquanto trabalho. Algumas actividades exigem uma certa
previsibilidade rítmica, mas é importante ser surpreendido de vez em quando. Graças a
esta lista de músicos intrigantes, descobri Tanya Tagaq. Tem
uma voz selvagem e a música que a acompanha parece estranhamente culta, misturando elementos muito diferentes,
que não se percebe imediatamente de onde vêm. Quem
gosta de Meredith Monk, Le Mystère des Voix Bulgares e Björk também simpatizará com este
disco.
Nas tardes escuras do princípio do ano em que
a chuva põe a vida em suspenso, nada melhor do que os discos de Le Mystère
des Voix Bulgares, mas talvez as vozes búlgaras cantassem como Tanya Tagaq se
tivessem de viver em certas cidades.
Ainda não sei se gosto de Animism ao ponto de daqui a uns anos
continuar a ouvi-lo, mas estou muito curiosa em relação ao novo disco desta
cantora (anunciado para 2016).
Os meus gatos adoram os discos de Le Mystère des Voix Bulgares, não gostam nem de Tanya Tagaq nem de Meredith Monk, e odeiam City Life, entre outros discos de Steve Reich.
ELIZABETH JANE HOWARD
Kingsley Amis e Elizabeth Jane Howard no dia em que se casaram (30 de Junho de 1965)
Hilary Mantel sobre Elizabeth Jane Howard:
«Comedy is not generated by a
writer who sails to her desk saying, 'Now I will be funny'. It comes
from someone who crawls to her desk, leaking shame and despair, and begins to
describe faithfully how things are. In that fidelity to the details of misery,
one feels relish.»
Depois
deste texto em que se apresenta e defende uma escritora pouco conhecida e
subvalorizada, fica-se com alguma vontade de ler Elizabeth Jane Howard, mas o
desejo maior talvez seja ler mais Hilary Mantel, ainda que já tenhamos lido
quase tudo o que ela escreveu.
(De resto, até para responder a emails se rasteja para a secretária.)
(De resto, até para responder a emails se rasteja para a secretária.)
CRISTINA CAMPO
No último
dia de 2015, por acaso, enquanto fazia horas para uma sessão de cinema, passei
pela livraria da Sistema Solar no Chiado e reparei neste livro porque me
lembrei de uma referência num texto de Bénard da Costa. Li há vários anos
um volume de poesia de Cristina Campo (O Passo do Adeus),
mas não sabia que ia gostar tanto deste livro sobre outros textos e livros.
«Poder-se-ia
dividir o reino do sofrimento humano em desventuras da mão direita e
desventuras da mão esquerda. Os antigos conheciam estas sagradas metáforas,
para além das quais não há definição possível. A desventura da mão direita está
para a desventura da mão esquerda como uma ferida por arma branca está para o
aperto pelas areias movediças, ou para
a morte pela sede no deserto.
A
pobreza, a despedida, a perseguição e a própria morte podem ser desventuras da
mão direita. Acerca de tudo isto tem florescido muita poesia e é a mais bela.
As desventuras da mão esquerda quase sempre ficam mudas. Poucas se salvam para
as contar, como Jonas do ventre do Leviatã. É o milagre do Filoctetes e do Ricardo II,
do Crepúsculo da Lua e dos últimos
versos de Hölderlin. De Um Amor de Swann
e de Matadouro-Cinco ou A Cruzada das Crianças.»
Cristina
Campo. 2005. Os Imperdoáveis. Trad.
José Colaço Barreiros. Lisboa: Assírio e Alvim, p. 150.
THE UNSTRUNG HARP, de Edward Gorey
The Unstrung Harp, uma história sobre criatividade e hesitação, de Edward Gorey, recomendada por Alison Bechdel.
Tudo o
que há para dizer sobre as conversas subordinadas ao tema «vida literária».
HUMPHREY OCEAN
Birds at Ngong
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