«I too am not a bit tamed, I too am untranslatable» (Walt Whitman) | setadespedida@yahoo.co.uk

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

2011 em filmes


CIRCUITO COMERCIAL
Another Year, Mike Leigh
Tio Boonmee, Apitchapong
O Estranho Caso de Angélica, Manoel de Oliveira
Tournée, Mathieu Amalric
Meek’s Cutoff, Kelly Reichardt
Pater, Alain Cavalier
Habemus Papam, Nanni Moretti
Pina, Wim Wenders
Filme Socialismo, Godard

DVD
Orphans of the Storm, Griffith
Cléo de 5 à 7, Agnès Varda
Drowning by Numbers, Peter Greenaway
Quatrocentos Golpes, François Truffaut

CINEMATECA, FESTIVAIS, ETC.
Words and Silk, P. Tyndall
Du côté d’Orouet, Jacques Rozier
Francesco Giullare di Rio, Rossellini
Man Hunt, Fritz Lang
Vou para Casa, Manoel de Oliveira
Old Joy, Kelly Reichardt
Mysterious Object at Noon, Apitchapong
Un Amour de Jeunesse, Mia Hansen-Love
Street Angel, Frank Borzage

 
Em 2011, com a excepção do mês de Agosto, sempre que tive vontade de ir ao cinema havia coisas relativamente interessantes para ver.


Para mim, Apitchapong, Manoel de Oliveira e Kelly Reichardt são os três realizadores que se destacam. Dos três vi um filme novo (Tio Boonmee, O Estranho Caso de Angélica, Meek's Cutoff) e um filme antigo (Mysterious Object at Noon, Vou para Casa, Old Joy) que teriam redimido o meu ano de cinema mesmo que não tivesse visto mais nada interessante.

Uma nota sobre a realizadora Mia Hansen-Love. Depois de ver Un Amour de Jeunesse compreendi melhor e comecei a gostar de Tout est pardonné, que inicialmente me tinha deixado sentimentos muito ambíguos. Em ambos os filmes as personagens têm atitudes irracionais e uma visão do mundo difícil de compreender, mas parece-me que isso pode ser descrito simplesmente como aprender a viver.

Enquanto o filme mais recente de Godard puder estrear nas salas de cinema portuguesas, nem tudo estará ainda perdido. Assim como na dicotomia Jane Eyre-Wuthering Heights, admiro o segundo título incondicionalmente mas estou mais próxima do primeiro, também na dicotomia Godard-Truffaut (explorada pelo filme Deux de la Vague, de Emmanuel Laurent, igualmente estreado este ano), apoio a inteligência e a radicalidade do primeiro sem restrições, embora reconheça que os filmes do segundo estão mais perto.

Dois filmes amados por muita gente mas detestados por mim: Tree of Life, de Terrence Malick, e Road to Nowhere, de Monte Hellman. Tenciono rever o segundo para testar a minha opinião, mas ninguém conte comigo para mudar de ideias sobre o primeiro.

Um filme subvalorizado pela crítica: The Girlfriend Experience, de Steven Soderbergh.

Dois filmes que demonstram que ainda há esperança (concordo com o que o Luís Miguel Oliveira diz aqui): Sleepless Nights Stories, de Jonas Mekas, e First Cinema Experience, de Peter von Bagh.

Gostava de ter visto e não vi: Aurora, de Cristi Pui.

2011 em livros

2010 e 2011 foram anos em que estive muito ocupada. Isso foi excelente, ainda que com a consequência de hoje o animus ser de exaustão.

Uma grande parte da segunda metade de 2011 foi passada a planear e preparar leituras de ensaios para 2012, mas na primeira metade houve algum tempo para a ficção.

Entre as minhas leituras de ficção, destaco três autoras maravilhosas a que ainda não tinha prestado a devida atenção: Rebecca West, Elizabeth Bowen e Shirley Hazzard.

Durante o ano, a Páscoa foi um das épocas mais agradáveis, com uma viagem de comboio a Madrid na companhia do primeiro volume das crónicas de Bénard da Costa. (A profusão de gralhas e erros não arruinou o prazer da leitura, mas, editoras do meu país, mais cuidado com a revisão.)

Por incrível que pareça, nunca tinha lido nada de Saul Bellow. Além de Seize the Day, em 2011 li The Adventures of Augie March e praparo-me para ler Herzog. Não se fala tanto de Bellow como se devia.

Assinalo ainda a descoberta de um grande e estranho escritor argentino (César Aira) e a conclusão da leitura de uma selecção de excertos dos diários de Virginia Woolf, iniciada há anos. Gosto de ler diários. Parece-me inclusivamente que Virginia Woolf se liberta nestes textos da compulsão de «escrever bem» que caracteriza muitos dos seus romances -- e só ganha com isso.








Depois de acabar Virginia Woolf, passei para os diários de Thoreau, leitura que no futuro certamente figurará numa lista de final do ano deste blogue.

Cartas de jogar

Four game cards from a Cavagnole Game Bag and Pieces (Jeu de cavagnole, c. 1750)


«Everyone was like the faces on a playing card, upside down either way.»


Saul Bellow, Seize the Day

Arquivo do blogue