«I too am not a bit tamed, I too am untranslatable» (Walt Whitman) | setadespedida@yahoo.co.uk

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

2010 em filmes






CIRCUITO COMERCIAL
Bright Star, Jane Campion
Shutter Island, Martin Scorsese
Um Homem Sério, Irmãos Coen
Ruínas, Manuel Mozos
Eu Sou o Amor, Luca Guadagnino
Vão-me Buscar Alecrim, Irmãos Safdie
Inception, Christopher Nolan
A Dança, Frederick Wiseman
Irène, Alain Cavalier
Não, Minha Filha, Tu Não Vais Dançar, Christophe Honoré
36 Vues du Pic Saint Loup, Rivette

DVD
The Match Factory Girl, Kaurismaki
Faca na Água, Polanski
Sombras de Antepassados Esquecidos, Paradjanov
Zellig, Woody Allen
Interiors, Woody Allen
Another Woman, Woody Allen
Ghost Dog, Jim Jarmusch

CINEMATECA, FESTIVAIS, ETC.
Les Cinéphiles, Skorecki
Kasaba, Nuri Bilge Ceylan
Toutes les nuits/Le Pont des Arts, Eugène Green
Badlands, Terrence Malick
Stranger than Paradise, Jim Jarmusch
Coitado do Jorge, Jorge Silva Melo

Alguns comentários sobre a lista


O lugar mais perigoso: o palco

A ordem dos filmes é arbitrária. Aqueles de que mais gostei aparecem nas imagens.

Em 2010, felizmente, vi mais filmes em DVD do que no ano anterior. Estou a comprar e a rever os filmes de Woody Allen, um dos meus realizadores preferidos de sempre. O mesmo em relação a Jim Jarmusch.

Por outro lado, quanto a festivais, a coisa andou muito mal. Em Lisboa parece não valer a pena tentar comprar bilhetes no próprio dia em que os filmes passam. A vida não corre bem aos que não têm tempo para analisar a programação antecipadamente.

A grande descoberta que fiz este ano foi Eugène Green, graças à Cinemateca. (Estupidamente, no entanto, não vi A Religiosa Portuguesa. Quando percebi, já não estava em exibição.)

Não entendo por que razão Jorge Silva Melo não realiza mais filmes. Gosto mesmo muito de Agosto (o único filme que conheço com uma personagem com o meu nome) e de Coitado do Jorge.

Entre os filmes que passaram em circuito comercial, os meus preferidos foram Não, Minha Filha, Tu Não Vais Dançar, de Christophe Honoré e 36 Vues du Pic Saint Loup, de Jacques Rivette. O primeiro por ter uma personagem feminina como há muito não via no cinema, o segundo por me falar ao coração (expressão idiota, bem sei, mas neste caso foi mesmo assim, pelo que não há nada a fazer).

Os filmes que mais me desiludiram foram Greenberg, de Noah Baumbach e Noite e Dia, de Hong Sang-Soo (não consegui ultrapassar a antipatia que os protagonistas me suscitaram), além de O Laço Branco, de Michael Haneke, que achei explicativo e manipulador.

Vi e gostei de A Rede Social, de David Fincher, mas menos que dos filmes que aparecem na lista. Não detestei Cópia Certificada, mas pareceu-me o pior dos filmes de Kiarostami que conheço, uma mistura de Cenas da Vida Conjugal e Depois do Ensaio, de Ingmar Bergman.

Não encontro em lado nenhum uma caixa de filmes da Jane Campion, mas se encontrasse comprava. Para quando um ciclo na Cinemateca dedicado a mulheres que, against all odds, realizaram filmes?

De resto, Éric Rohmer para sempre.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

2010 em livros





Apesar de o meu 2010 ter sido um ano sem disponibilidade para actualizar blogue, não foi um ano sem leitura.

Continuei a interessar-me mais por livros escritos por mulheres.
Comecei o ano com as Collected Stories de Lydia Davies, de que gostei bastante.
Descobri a finlandesa Tove Jansson, de quem li tudo o que encontrei traduzido em inglês (The True Deceiver, A Winter Book, The Summer Book, Fair Play, Travelling Light) menos os livros para crianças. Penso que nunca foi publicada em Portugal, mas recomendo vivamente.
Li romances e contos excelentes de Janet Frame.
Tornei-me fã indefectível de Shirley Jackson. Mesmo quando as suas narrativas se desenrolam no quotidiano, são histórias de terror. Apesar disso, é impossível não nos identificarmos com as protagonistas. We Have Always Lived in the Castle foi publicado recentemente em português. Se calhar gostei ainda mais de The Haunting of Hill House e dos contos de The Lottery and Other Stories.
Deliciei-me com The Pattern in the Carpet, de Margaret Drabble. Gosto cada vez mais deste registo memorialístico.
Li dois romances bastante overwritten de Paula Fox (avó de Courtney Love), de que ainda assim gostei muito.
Entre outras coisas, li também o Wolf Hall, da Hilary Mantel, mas com tantas expectivas que só poderia ficar desiludida. Li A Terra das Ameixas Verdes, de Herta Müller, mas não me impressionou ao ponto de desejar ler mais coisas da autora.

Mais uma vez, não li muitas coisas em português.
Gostei muito de dois livros de poesia: O Viajante Sem Sono, de José Tolentino de Mendonça, e Mãe-do-Fogo, de João Miguel Fernandes Jorge.
Li do princípio ao fim Ó, de Nuno Ramos, que achei bastante interessante (no sentido em que faz pensar sobre diversos assuntos), mas nem sempre me convenceu plenamente.

Entre os livros que li por motivos profissionais, destaco:
- Ao Cair da Noite, de Michael Cunningham, um dos melhores romances que li este ano (a cena do confronto com o tubarão de Damien Hirst é inesquecível);
- Parrot e Olivier na América, de Peter Carey, embora longe dos meus romances preferidos do autor, vale a pena ler;
- Nova História da Filosofia Ocidental, de Anthony Kenny, uma história da filosofia em quatro volumes.

No panorama editorial português saúdo a reedição da obra de Maria Judite Carvalho pela Babel.

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