«I too am not a bit tamed, I too am untranslatable» (Walt Whitman) | setadespedida@yahoo.co.uk

sábado, 27 de maio de 2017

Liverpool

Praia de Crosby

 
Se calhar pessoas diferentes reagem de modos distintos ao toque de um alarme de incêndio. Eu reagi como reajo a quase tudo inicialmente: com incredulidade.

No hotel, muitas pessoas correram ansiosamente para a saída vestidas como estavam: de pijama, pantufas com formatos extravagantes inspirados no reino animal, roupões. Eu nem sequer levo roupão quando viajo. Nunca me ocorre a possibilidade de  incêndio.

Alguns vão prevenidos, outros esforçam-se por fingir compostura depois do caldo entornado. Sempre que as catástrofes acontecem apanham-me assim – distraída com outras coisas, mal preparada. Mas sou de opinião que, apesar de não fazer mal enfrentarmos a felicidade mal vestidos, confrontar a catástrofe requer alguma sofisticação.

Indiferente à ideia das chamas, vesti-me com cuidado. Parecia-me essencial que a catástrofe ficasse bem impressionada.

B. tentava telefonar para a recepção. Ninguém atendia, claro.

A seguir descemos a medo e ficámos junto à entrada com os outros hóspedes, a apanhar frio, enquanto os bombeiros chegavam e inspeccionavam as instalações.

Quase duas horas depois os bombeiros foram-se embora. Tinha sido falso alarme.


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