Praia de Crosby
Se calhar pessoas
diferentes reagem de modos distintos ao toque de um alarme de incêndio. Eu
reagi como reajo a quase tudo inicialmente: com incredulidade.
No hotel, muitas pessoas
correram ansiosamente para a saída vestidas como estavam: de pijama, pantufas
com formatos extravagantes inspirados no reino animal, roupões. Eu nem sequer levo roupão quando viajo. Nunca me ocorre a
possibilidade de incêndio.
Alguns vão
prevenidos, outros esforçam-se por fingir compostura depois do caldo entornado.
Sempre que as catástrofes acontecem apanham-me assim – distraída com outras
coisas, mal preparada. Mas sou de opinião que, apesar de não fazer mal
enfrentarmos a felicidade mal vestidos, confrontar a catástrofe requer alguma
sofisticação.
Indiferente à
ideia das chamas, vesti-me com cuidado. Parecia-me essencial que a
catástrofe ficasse bem impressionada.
B. tentava
telefonar para a recepção. Ninguém atendia, claro.
A seguir
descemos a medo e ficámos junto à entrada com os outros hóspedes, a apanhar
frio, enquanto os bombeiros chegavam e inspeccionavam as instalações.
Quase duas horas depois os
bombeiros foram-se embora. Tinha sido falso alarme.