Por
motivos académicos, profissionais e pessoais, leio muita coisa. Devido às políticas dos últimos anos, a
miséria cultural vai-se tornando cada vez mais evidente. (Não vale a pena ter
ilusões: a pobreza financeira tem como consequência a pobreza cultural.)
Estamos
todos cada vez mais iguais e mais desinteressantes, tentando a todo o custo nivelarmo-nos
pelo mínimo denominador de modo a assegurarmos uma sobrevivência duvidosa.
Cada vez
há menos espaço para escolhas culturais diferentes. Cada vez valorizo mais
livros improváveis, que não se limitam a repetir o que já foi dito até à
exaustão.
Destaco os seguintes livros que li por prazer em 2015:
Li vários
livros de Anne Carson e de Mary Ruefle, duas poetas que também são ensaístas.
Ambas mostram não só que a poesia não está tão afastada do ensaio como se
poderia pensar, mas também que escrever poesia e ensaios simplica tanto
explorar o que pensamos como o que sentimos.
A capa de
Can’t and Won’t e esta intervenção de
Lydia Davis sintetizam os elementos principais que admiro tanto nos livros dela
como na sua atitude perante o mundo. Essencialmente, consciência do ofício e persistência
em ser ela mesma, sem concessões: «Don’t ever cave in to the pressure.» Em certos casos, a resposta tem mesmo de ser: «Não posso nem quero.»
Uma
autora que provavelmente só eu ainda não conhecia.