«I too am not a bit tamed, I too am untranslatable» (Walt Whitman) | setadespedida@yahoo.co.uk

terça-feira, 9 de junho de 2009

Gallop apace, you fiery-footed steeds

Romeo and Juliet, Nature Theater of Oklahoma


A ideia de base era simples. Tinha a ver com Shakespeare: a companhia queria descobrir algumas das razões pelas quais Shakespeare ainda é recordado, estudado, representado e amado.
O ponto de partida foi a peça Romeu e Julieta, geralmente o primeiro texto do autor que se estuda na escola ou na faculdade. Foram feitos alguns telefonemas, em que se pediu ao interlocutor que tentasse resumir a intriga da peça, citar algumas passagens de que se lembrasse e explicar o significado de tudo isso para ele.

O texto da peça que esteve em cena no Maria Matos baseia-se, então, nas lembranças ou nas lacunas da memória em relação a esta peça de Shakespeare: personagens (da peça ou não) que se destacam, outras que quase se diluem, partes da história difíceis de recordar, interpretações estranhas do desenlace relacionadas com a morte de Anna Nicole Smith e o 11 de Setembro, memórias escolares, um filme com o Leonardo DiCaprio, vídeos do YouTube ou bocas que se mandam em chatrooms.
Falando com alguém sobre qualquer peça de Shakespeare, obteremos resultados semelhantes. Das peças ficam não exactamente as coisas que estudámos e discutimos na escola, mas os elementos com que nos identificamos mais, nos quais encontramos pontos de contacto com a nossa vida.

Para articularem estes monólogos coloquiais e cheios de hesitações, os actores adoptavam a postura e a dicção dos mais convictos actores shakespearianos. Às vezes também nós nos comportamos assim.


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