«I too am not a bit tamed, I too am untranslatable» (Walt Whitman) | setadespedida@yahoo.co.uk

sábado, 10 de novembro de 2007

Bordar a branco

A minha relação com os livros de Agustina não foi sempre a mesma.
A Sibila fazia parte do programa do 12.º ano quando eu andava na escola. Foi o primeiro livro dela que li. Transcrevi citações gigantescas do livro, páginas e páginas. Achei que Agustina era a maior escritora do mundo. Foi sempre a descer a partir daí. Fui lendo outras coisas dela e ficando cansada. Ganhei aversão à tendência aforística descontrolada, às frases virtuosísticas, no fundo desprovidas de conteúdo e tão fáceis de prever e de imitar. Esta aversão persiste ainda hoje. Durante muito tempo fui incapaz de ler três páginas de um livro dela sem repetir em tom acintoso algumas frases para a pessoa ao meu lado, que, sendo grande fã de Agustina, ficava obviamente consternada.
No ano passado, as coisas mudaram. Devorei A Ronda da Noite, fazendo o possível para não interromper a leitura, horas e horas consecutivas no sofá. Ainda que com moderação, tenho comprado outros livros de Agustina, entretanto, sou capaz de ver programas de televisão sobre ela sem ranger os dentes e li recentemente a autobiografia (O Livro de Agustina, Guerra&Paz), agora nas livrarias em formato user-friendly.

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