Fico um bocado perplexa quando se fala do desconhecimento da obra de Machado de Assis em Portugal. Pelo menos durante a década de noventa do séc. XX, a cadeira de Literatura Brasileira foi obrigatória para o curso de Estudos Portugueses, e opcional para as variantes de Línguas e Literaturas Modernas que incluíssem Português na Faculdade de Letras do Porto. Nesse tempo entravam por ano em cada variante à volta de 60 alunos. Durante esses anos, eu e centenas de outros alunos estudámos não só Machado de Assis (contos e o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas), mas também Guimarães Rosa e Clarice Lispector. A cadeira de Literatura Brasileira era assegurada pelo Prof. Arnaldo Saraiva, um excelente comunicador. Muita gente lia depois mais romances de Machado de Assis: Quincas Borba e Dom Casmurro estavam disponíveis no mercado em edições baratinhas da Lello & Irmão.
Não percebo, portanto, que se fale de desconhecimento. Falar-se ou não de um autor nos jornais e em blogues não significa necessariamente que ele é conhecido ou desconhecido. Muita gente em Portugal fala de Proust, por exemplo, e parece-me que Proust é menos lido e, por conseguinte, menos conhecido do que Machado de Assis.
Não percebo, portanto, que se fale de desconhecimento. Falar-se ou não de um autor nos jornais e em blogues não significa necessariamente que ele é conhecido ou desconhecido. Muita gente em Portugal fala de Proust, por exemplo, e parece-me que Proust é menos lido e, por conseguinte, menos conhecido do que Machado de Assis.