Rapaz com Abelha, de Keith Carter
No novo número da Forma de Vida podem ler a Faca de Papel #8, sobre casacos, abelhas e costureiras.
O poema de Rosa Oliveira de que cito um verso em epígrafe faz parte do
livro Tardio (Tinta-da-China). Transcrevo-o a seguir, por não se encontrar em lado nenhum
na Internet.
Cazaquistão, de Rosa Oliveira
O casaco jaz na mesa
de jantar
O casaco é de malha e
estamos no verão
O casaco tentou
aquecer três mulheres de granito
O casaco desistiu,
manquejou, perdeu a memória, desligou-se
O casaco nadou nas
lágrimas escuras do roupeiro
O casaco fugiu para a
tepidez lisboeta
O casaco saltou casas
incansáveis
O casaco embalou uma
mulher
O casaco perdeu quase
tudo
O casaco permanecia
O casaco embrulhou-se
em vidro
O casaco foi conhecer
céus algarvios
O casaco jaz na mesa
de jantar
O casaco era da mãe
A mãe estará sempre no
casaco