Night is generally my time for walking. In the summer I often leave home early in the morning, and roam about fields and lanes all day, or even escape for days or weeks together; but, saving in the country, I seldom go out until after dark, though, Heaven be thanked, I love its light and feel the cheerfulness it sheds upon the earth, as much as any creature living.
I have fallen insensibly into this habit, both because it favours my infirmity and because it affords me greater opportunity of speculating on the characters and occupations of those who fill the streets. The glare and hurry of broad noon are not adapted to idle pursuits like mine; a glimpse of passing faces caught by the light of a street-lamp or a shop window is often better for my purpose than their full revelation in the daylight; and, if I must add the truth, night is kinder in this respect than day, which too often destroys an air-built castle at the moment of its completion, without the least ceremony or remorse.
Se não conhecesse bem o livro de que estes parágrafos foram retirados, a referência às visões do caminhante solitário que narra, avançando pela noite à laia de terapia, far-me-ia pensar em Sebald, mais especificamente em Austerlitz.
Erraria no autor por cerca de dois séculos.
É com estes parágrafos que abre o primeiro capítulo do magnífico Old Curiosity Shop, que Charles Dickens foi escrevendo e publicando entre 1840 e 1841.
Segundo Peter Ackroyd, o próprio Dickens tinha por hábito fazer longas caminhadas à noite, sobretudo quando estava a escrever a romances. Era assim que desenvolvia as personagens e a intriga, alcançando um cansaço capaz de lhe quebrar resistências mentais e físicas e de desencadear uma espécie de pacificação que lhe permitiria depois não só a escrita mas também algum merecido descanso.
Para os incautos que também pensem em ler Dickens: o grande problema é conseguirmos interessar-nos por qualquer outro autor de ficção enquanto houver romances de Dickens para ler.
Falo por mim: li nos últimos meses cinco romances do autor. Parece-me que não vou ficar por aqui.