Indico
os quatro filmes que mais gostei de ver em sala este ano, destacando a seguir alguns
momentos do meu ano de cinema que quero preservar na memória.
[Nota: não incluo nesta lista qualquer filme estreado em Portugal em Dezembro de 2014 simplesmente porque, devido às atribulações características da época, não tive tempo para ir ao cinema.]
Violette,
de Martin Provost
No início,
Violette Leduc avança pela escuridão com
uma mala. Ainda não é escritora. Está a fugir de alguém. A dada altura, no meio
da lama, a mala abre-se e revela vísceras embrulhadas num pano branco
ensanguentado. Percebemos depois que Violette sobrevive durante a guerra como
traficante de comida e de outros produtos difíceis de arranjar. Todo o filme
tem a ver com estratégias de sobrevivência: sobreviver às emoções, sobreviver à
publicação dos livros, sobreviver aos custos da sobrevivência.
Nick
Cave: 20,000 Days on Earth, de Iain Forsyth e Jane Pollard
Qualquer
dia ponho no cabeçalho deste blogue um excerto desta citação do filme:
«I love the feeling of a song before you understand
it. When we're all playing deep inside the moment the song feels wild and
unbroken. Soon it will become domesticated and it will drag it back to
something familiar and compliant and we'll put it in the stable with all the
other songs. But there is a moment when the song is still in charge and you
just cling on for dear life and you are hoping you don't fall and break your
neck or something. It is
that feeling we chase in the studio.»
Jeune
et jolie, de François Ozon
Este
filme não é tanto sobre o «tédio da classe média,» como sobre a necessidade de se
descobrir o próprio caminho em vez de se ser quem os outros são e de repetir
comportamentos desprovidos de significado mesmo para aqueles que os adoptam e defendem.
Her, de Spike Jonze
Um filme
que recorda que o amor também é «coisa mental».
O
início de Charulata, de Satyajit Ray.
A cena
na estação de comboio de Tokyo Twilight, de Ozu, sobre a
impossibilidade de perdoar.
Este
plano em O Quarto Azul, de Mathieu Amalric.
Gene
Hackman em The Conversation (1974), de Francis Ford Coppola.
A rima inesperada, através do mesmo Gene Hackman, entre The Conversation e Another Woman (1988), de Woody Allen. Em The Conversation Gene Hackman instala escutas. O filme de Woody Allen começa com uma académica (Gena Rowlands) que ouve uma conversa através do sistema de ventilação do escritório que aluga para escrever. Esta conversa leva-a a recordar uma época da sua vida em que teve de escolher entre dois homens, um dos quais é representado por Gene Hackman.
A
sequência que culmina neste fotograma do filme An Angel at My Table, de Jane
Campion, sobre a grande escritora Janet Frame.
A sequência no museu no filme Vestida para Matar, de Brian de Palma.
Três rostos masculinos
Ethan Hawke
Philip Seymour Hoffman
Ralph Fiennes