É preciso reconhecer, ainda que com alguma pena, que o livro de memórias de Arthur Conan Doyle não é de leitura entusiasmante.
A dada altura, no entanto, o autor diz uma coisa interessante quando explica como escrevia as histórias de Sherlock Holmes:
A dada altura, no entanto, o autor diz uma coisa interessante quando explica como escrevia as histórias de Sherlock Holmes:
«People have often asked me whether I knew the end of a Holmes story before I started it. Of course I did. One cannot possibly steer a course if one didn't know one's destination. The first thing is to get your idea. Having got that idea one's next task is to conceal it and lay emphasis upon everything which can make for a different explanation. Holmes, however, can see all the fallacies of the alternatives, and arrives more or less dramatically at the true solution by steps which he can describe and justify.»
Memories and Adventures, Sir Arthur Conan Doyle, Wordsworth, pp. 90-91
Por surpreendente que isto seja num autor de histórias de detectives, Conan Doyle propõe aqui noções de texto e de leitura simetricamente opostas às daqueles que defendem que um texto literário contém informação e que ler consiste em extraí-la.
Para o criador de Sherlock Holmes, escrever é só uma manobra de diversão: «Having got that idea one's next task is to conceal it and lay emphasis upon everything which can make for a different explanation.» O texto, em vez de fornecer informação importante, contém elementos desprovidos de significado e de carácter decisivo para a compreensão da narrativa e a resolução do crime. Ler não é extrair nem decifrar informação. É só ser distraído.